Quito é tida como a mais bela capital colonial das Américas, com centro histórico preservado tanto no sentido de ter mantido o casario de época, quanto no sentido de estar restaurado e revitalizado. As muitas atrações do centro de Quito ficam próximas, dá para visitar à pé, embora a altitude (2.850 metros acima do nível do mar) possa fazer o cansaço chegar antes. Quito é a segunda capital mais alta do mundo, apenas La Paz lhe suplanta.
O coração do centro histórico (que é Patrimônio da Humanidade desde 1978) é a Plaza Grande, onde está o Palacio de Gobierno. Eu tive a sorte de chegar justo na hora em que começaria um tour pelo interior do palácio, que é, digamos, simples, com quase nada digno de nota. Gostei da vista que se tem do balcão presidencial (com vista da praça) e da fotografia que nos fazem e entregam no final do tour, uma cortesia do Pres. Rafael Correa, segundo o que consta nela escrito.
Como se trata de uma cidade colonial, há várias igrejas que merecem visita. A Catedral, que fica em uma das esquinas da Plaza Grande é uma das menos interessantes. A mais bonita de todas é a Igreja da Companhia de Jesus, a alguns passos da Catedral, com seu interior deslumbrantemente decorado em ouro (sete toneladas foram usadas segundo se diz). A foto é da fachada:
Também merecem visita a Iglesia de la Merced, com algumas telas contando sobre erupções vulcânicas já sofridas pelos quitenhos no passado e a Basílica del Voto Nacional (foto abaixo). Esta última é do séc. XX e pelo seu estilo (neogótico, parecida com a Catedral de Vitória/ES) fica meio deslocada entre as demais igrejas barrocas, mas é bem bonita.
Um pouco acima da Iglesia de la Compañía está a enorme Plaza San Francisco com a correspondente igreja (estava fechada para reformas), que se situa em um mosteiro.
É possível ir de teleférico até os flancos do Vulcão Pichincha, um passeio obrigatório. Trata-se do TelefériQo (o “q” é por causa de Quito), que leva os turistas até 4.100 metros de altura, onde estão lojas de souvenirs, restaurante e uma trilha que permite alcançar o topo do Pichincha (4.680 metros). Fiquei babando para ir, mas como eu não estava aclimatado com a altitude não arrisquei, porque não se brinca com isto. Uma coisa que me deixou perplexo foi ver bastante gelo lá em cima – eu não sei se foi uma ocasional chuva de granizo ou se é comum nevar lá. E isto que se está bem próximo da Linha do Equador.
É claro que haveria um monumento para esta Linha, que dá nome ao país. Este lugar fica a 22 km acima de Quito e tem por nome Mitad del Mundo. No centro deste “parque” está um sólido monumento de 30 metros altura em pedra com um globo no topo e as linhas norte, sul, leste e oeste que lhe cruzam. É um lugar bem turístico, até demais para o meu gosto, mas, uma vez em Quito, não dava para não ir à Mitad del Mundo.
Foi em 1736 que o francês Charles-Marie de La Condamine determinou que exatamente naquele local passava a Linha do Equador e desde então o local ficou famoso. Ocorre que, com o emprego de modernos equipamentos (GPS) descobriu-se que Condamine errou (mas por pouco): a Linha na verdade passa a 240 metros dali.
Eu fui para lá com um taxista que contratei para que me levasse a vários lugares (inclusive à Reserva Geobotânica Pululahua, uma cratera de vulcão extinto) e ele ficou me mostrando uma série de fenômenos físicos que ocorrem na Linha do Equador, mas como eu não acreditei em nada, nem me lembro exatamente o que ele propôs. O que eu li foi que os corpos pesam menos na Linha do Equador que nos Pólos (algo em torno de 0,3%) e, ainda, que, na Linha do Equador, está-se mais próximo do Sol, pois a Terra não é completamente esférica, ela é achatadinha.
Por fim, faltou falar de um monumento em Quito que tem a mesma proposta dos “Cristos Redentores” no Brasil – um marco religioso em uma colina e visto de todos os lados. Trata-se da imagem da Virgen de Quito, situada no Panecillo. Ela tem 30 metros de altura e a base outros 11. De lá, belas vistas da cidade e dos vulcões – embora eu não tenha tido sorte de pegar dias ensolarados em Quito. Para chegar ao Panecillo o melhor é tomar táxi, pois a região não é segura.
Aliás, à noite, não me senti seguro para andar à pé no centro de Quito. Melhor tomar táxi mesmo para percorrer só alguns quarteirões.
A UNESCO inscreveu muitas, muitas, cidades coloniais na América Latina. Boa parte delas é interessante, mas, com o tempo e especialmente se visitadas em série, podem ficar um pouco monótonas. Com Quito, o risco de isto acontecer é mínimo, pela preservada arquitetura do conjunto de seus prédios e pela beleza natural do vale andino onde se encontra.
Além disto, pela altitude, Quito vive numa “eterna primavera”, com as temperaturas oscilando diariamente entre os 10°C e os 20°C durante o ano todo – uma delícia. O clima influencia os pratos típicos quiteños: seu forte são sopas e caldos, para esquentar.
Há muito mais lá, inclusive a parte moderna da cidade, que eu mal consegui visitar. Quito (ainda) não é inundada de turistas pelo que pude ver e os habitantes locais são muito acolhedores. Por isto, vale o esforço de se fazer uma conexão em Lima ou no Panamá para chegar lá, enquanto não aparece um vôo direto.